Condução térmica
Isso sempre ocorre a partir de uma região de maior temperatura para uma região de baixa temperatura, e atua equalizando as diferenças de temperatura. Genericamente, ocorre a propagação de calor sem transporte da substância formadora do sistema, ou seja, através de choques entre suas partículas integrantes ou intercâmbios energéticos dos átomos, moléculas, e elétrons. A condução térmica pode ser interpretada como a transmissão passo a passo de agitação térmica: um átomo (ou uma molécula) transfere parte de sua energia cinética ao átomo vizinho, sendo assim um fenômeno de transporte de energia interna devido à heterogeneidade da agitação molecular, sendo assim um fenômeno termodinamicamente irreversível.
Condução ocorre em todas as formas de matéria, sólidos, líquidos, gases e plasmas, mas não requer qualquer movimento de massa da matéria. Em sólidos, é devido à combinação das vibrações das moléculas em um retículo cristalino e o transporte de energia por elétrons livres. Os elétrons suscetíveis de mover denominam-se elétrons de condução no modelo do elétron livre.
Em fluidos (líquidos e gases) o transporte de energia é resultante da não-uniformidade do número de choques por unidade de volume, durante seu movimento aleatório, semelhante ao fenômeno da difusão. Em sólidos, a condução de calor é fornecida conjuntamente por condução de elétrons e vibração da rede cristalina (fônon)
Os metais e suas ligas, sejam sólidos ou líquidos, devido à elevada condutividade térmica, são excelentes meios de propagação de calor, normalmente associada à condutividade elétrica. Os gases e alguns sólidos, que possuem baixa condutividade térmica, são considerados péssimos meios de propagação de calor, sendo definidos como isolantes térmicos.
Calor pode ser transferido por radiação e/ou convecção, e frequentemente mais que um destes processos ocorrem em uma dada situação.
Lei de Fourier
A lei da condução térmica, também conhecida como lei de Fourier, estabelece que a taxa no tempo da transferência de calor através de um material é proporcional ao gradiente negativo na temperatura e na área em ângulos retos, para o gradiente, através do qual o calor está fluindo. Podemos afirmar, esta lei de duas formas equivalentes: a forma integral, em que olhamos para a quantidade de energia que flui para dentro ou para fora de um corpo como um todo, e na forma diferencial, em que olhamos para os fluxos de energia localmente.Pode-se determinar o fluxo de calor transportado por condução pela Lei de Fourier:
Caso se conheça as temperaturas de duas superfícies específicas e queira-se calcular o fluxo de calor por condução entre elas, basta integrar a equação acima, que toma a forma:
Teorização completa
Existem várias grandezas envolvidas, mas entre elas existem duas que são de muita importância de interesse prático no estudo de problemas de condução de calor. Estas grandezas são a razão de fluxo de calor e a distribuição da temperatura. As razões de fluxo de calor tratam da demanda de energia em um dado sistema, quando se requer uma distribuição de temperaturas conveniente para desenhar de maneira adequada no sistema, desde o ponto de vista dos materiais. Em um fenômeno qualquer, uma vez que seja conhecida a distribuição da temperatura é possível determinar as razões de fluxo de calor com ajuda da denominada Lei de Fourier (de 1822, estabelecida por Jean Baptiste Joseph Fourier).A distribuição da temperatura é linear, e o fluxo de calor é constante de um extremo a outro de uma placa, para o caso da equação radial produzida.
E portanto a distribuição da temperatura apresenta-se em forma logarítmica:
é tratado pela lei de Fourier que descreve especificamente previsões (modelagens) de comportamento para o caso simples de um corpo sólido, com duas paredes paralelas[5][6]:
é o Watt (W), e sendo as grandezas:
a temperatura da superfície da parede mais quente
a temperatura da superfície da parede fria- A da área através da qual o calor flui,
- λ a condutividade térmica, geralmente um parâmetro do material dependente da temperatura, e
- d a espessura do corpo, medido de parede a parede.
, em abordagens que visam reduzir-se aos tratamentos de Fourier e Newton. A notação
é formulada apatir da derivada parcial no tempo do vetor fluxo de calor
. Aplica-se a seguinte definição:Forma diferencial
A forma diferencial da lei de Fourier da condução térmica mostra que o fluxo de calor local,
, é igual ao produto da condutividade térmica, k, e o gradiente de temperatura local negativo,
. O fluxo de calor é a quantidade de energia que flui através de uma superfície particular por unidade de área por unidade de tempo.
é o fluxo de calor local, [W·m−2]
é a condutividade térmica do material, [W·m−1·K−1],
é o gradiente de temperatura, [K·m−1].
Para muitas aplicações simples, a lei de Fourier é usada em sua forma unidimensional. Na direção x,
Forma integral
Pela integração da forma diferencial sobre a superfície total do material S, chega-se à forma integral da lei de Fourier:
é a quantidade de calor transferido por unidade de tempo [W] e
é um elemento de área de superfície orientado [m2]
- A é a área da superfície da seção transversal,
- ΔT é a diferença de temperatura entre os extremos,
- Δx é a distância entre os extremos.
Condutância
Escrevendo-seLei de Fourier pode também ser enunciada como:
Representação de propriedade intensiva
As equações de condutância anteriores escritas em termos de propriedades extensivas, podem ser reformuladas em termos de propriedades intensivas. Idealmente, as fórmulas de condutância devem produzir uma grandeza com dimensões independentes da distância, como a lei de Ohm da resistência elétrica:
, e condutância:
.A partir da fórmula elétrica:
, onde ρ é a resistividade, x = comprimento, A área de seção tranversal, temos
, onde G é condutância, k é condutividade, x = comprimento, A = área de seção tranversal.Para o calor,
Lei de Fourier pode ser enunciada como:
ou 
A recíproca da condutância é resistência, R, dado por:

A soma das condutâncias em série é ainda correta.
Cilindros
Condução através de cilindros pode ser calculada quando conhece-se variáveis tais como o raio interno r1, o raio externo r2, e o comprimento notado como
.A diferença de temperatura entre a parede interna e externa pode ser expressa como T2 − T1.
A área do fluxo de calor:

Quando a equação de Fourier é aplicada:
, onde
sendo importante notar que este é o raio log médio.Condução em regime estacionário
Define-se um regime estacionário (ou permanente), quando as temperaturas não dependem do tempo. A temperatura depende apenas da disposição do ponto em que as medidas são tomadas ao longo do tempo. Para o restante desta divisão deste artigo, assume-se como estabelecido um estado de equilíbrio.Superfície plana simples
O material é um meio condutor térmico delimitado por dois planos paralelos (o caso de uma parede). Cada plano tem uma temperatura T homogênea por toda a sua superfície. Consideramos que os planos têm duas dimensões infinitas para superar os efeitos de borda. Por conseguinte, o fluxo de entrada é igual ao de saída, não há perda de calor nas extremidades.Note-se que T1 a temperatura do plano situado na abscissa x1, e T2 a temperatura do plano situado na abscissa x2. Note-se que e = x2 − x1 é a espessura da parede. Em regime estacionário, T é uma função linear de x, assim:
.
Analogia com resistência elétrica.
Por analogia com a eletricidade (lei de Ohm) no caso especial onde a área de contato entre cada material é constante (fluxo superficial
constante), podemos traçar um paralelo entre as duas expressões:Surperfícies planas em série
Considere-se materiais A,B e C de espessura respectivamente eA, eB e eC e de condutividade térmica respetivamente λA, λB e λC.Os pressupostos são idênticos aos de uma única superfície plana. Consideramos que o contacto entre cada camada é perfeito, o que significa que a temperatura na interface entre dois materiais é idêntica em cada material (temperatura não salta na passagem por uma interface).
Finalmente, a área de contato entre cada material é constante, o que implica um fluxo de superfície
constante.As resistências térmicas se adicionam:
Demonstração
Globalmente, tem-se- para a camada A :

- para a camada B :

- para a camada C :

Com:
Para cada material a variação da temperatura segue uma lei do tipo:
Analogia elétrica
Da mesma forma que as resistências elétricas em série são adicionadas, as resistências térmicas em série são somadas.
Superfícies planas em paralelo
Considere-se materiais planos justapostos lado a lado. Cada material é homogêneo e delimitado por dois planos paralelos. Este poderia ser o modelo de uma parede com uma janela. As hipóteses são idênticas as de uma superfície plana única. Além disso, considera-se que a temperatura da superfície é uniforme em cada elemento (T1 et T2). Considere-se SA, SB e SC as respectivas superfícies dos elementos A, B e C.Posteriormente, presume-se que o fluxo seja sempre perpendicular à parede composta; o que não é realista porque a temperatura da superfície de cada elemento da composição é diferente e há, portanto, um gradiente de temperatura lateral (a origem das pontes térmicas). Além disso, é necessário corrigir o fluxo de calor calculado na parede feita com os coeficientes de perda por unidade de comprimento, específicos para cada ramo de parede (e pode ser insignificante, cf. a regulamentação térmica RT 2000).
As condutâncias térmicas se adicionam:
Demonstração
Para cada elemento , o fluxo é expresso em função da relaçãoTem-se, portanto
Também é possível fazer uma analogia entre um circuito elétrico de resistências em paralelo.
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Surperfície cilíndrica simples
O tubo simples consiste de um material único e homogêneo. A temperatura é uniforme em cada superfície do tubo. Considera-se o tubo infinitamente longo para superar os efeitos da borda.A variação de temperatura é escrito:
Demonstração
Considera-se uma variação dR dentro do material constituinte do tubo, a lei de Fourier é então expressa como:Sendo S a superfície de um cilindro:
Superfícies cilíndricas concentricas
O tubo concêntrico é composto por tubos dispostos em camadas concêntricas . Considere-se que o contato é perfeito entre os tubos. A temperatura é uniforme em cada superfície do tubo. Considere-se que o tubo possui um comprimento interminável L para superar os efeitos de borda.A resistência total do tubo é expressa por uma lei da tipo "série como a parede compondo uma série:
Demonstração
Evolução da temperatura na primeira camada:Condução em regime dinâmico
A resolução da equação do calor em regime dinâmico é muito mais difícil. Ela usa os conceitos de transformada de Fourier de produto de convolução e distribuições. Apresentam-se alguns exemplos de resolução.Caso de uma área ilimitado
Princípio geral
Escreve-se a equação do calor na forma:
Ela também dará o estado inicial do área T0 = T(0,x), que também pode ser uma função de x ou uma distribuição. Considera-se que T é nulo para t < 0.
O método de solução consiste em[8] [9] :
- Aplica-se uma transformada de Fourier sobre a variável x, a todos os termos da equação diferencial. Isto transforma a derivação com relação a x em um produto. Toma-se
, então a equação torna-se:


- Reconhecendo-se nesta equação um produto de convolução :

- Aplicando o operador inverso, prova-se que H(t)exp( − 4π2Dp2t), onde H é a função de Heaviside, conduzindo a:

- Toma-se a transformada de Fourier inversa para deduzir T.
Caso particular
Toma-se T0 = 0 em P = δ(t)δ(x) (injeção instantânea de calor em um determinado ponto), o método acima descrito conduz a:
- F(P) = δ(t)
- F(T) = exp( − 4π2Dp2t)
no caso unidimensional.
no caso tridimensional.
Área ilimitado sem fonte de calor
Se toma-se somente a temperatura inicial T0 de uma fonte média independente de calor (P = 0), tem-se que:
no caso unidimensional.
no caso tridimensional.
Caso de áreas limitadas, sem fonte de calor
Caso de um área limitada por um plano. O problema de Kelvin
Supondo-se o área limitada pelo plano x=0. Se coloca-se por condição os limites suplementares T(0,t) = 0 para todo t, então basta estender a distribuição inicial de temperatura T0 por uma função ímpar em x e aplicar-se o resultado anterior.
O caso mais célebre é o problema de Kelvin. Este considerou em 1860 que a Terra estava inicialmente a uma temperatura constante T0 da ordem de 3000° e que se resfriava por simples condução. Utilizando o valor atual do gradiente de temperatura em função da profundidade, ele deduziu uma estimativa para a idade da Terra. Pode-se aplicar o método de resolução acima para considerar a Terra como plana e infinitamente profunda, delimitado por um plano de sua superfície. O cálculo conduz a:

O gradiente de temperatura na superfície será:

como sendo da ordem de 3 °C para cada 100 metros de profundidade e D estimado como
, obtem-se que t vale 100 milhões de anos. Este resultado é largamente subestimado pois Kelvin ignora os fenômenos de convecção no interior do manto terrestre[10] [11].Caso de um área limitada por dois planos paralelos
Considere-se uma área limitada por dois planos x=0 e x=L. Supondo-se que são dadas como condições de contorno os limites T(0,t) = T(L,t) = 0. Utiliza-se um métode de resolução baseado nas séries de Fourier, procurando-se T sob a forma:

Por exemplo, se tiver-se T0 constante, obtem-se:

Caso de uma área de geometria esférica
Se o caso de propagação se sá em uma área esférica, e onde a temperatura não depede apenas das distância r ao centro, a equação de calor torna-se a expressão do laplaciano em uma esfera:


Assim, resolvendo-se o problema de Kelvin, no caso de uma esfera de raio R (temperatura inicial uniforme igual à T0,a superfície é mantida a uma temperatura igual a zero) conduz à seguinte expressão para T:

Caso de áreas limitadas, com fonte de calor
Considere-se a equação:
Área limitada por dois planos paralelos
Considere-se uma área limitada pelos dois planos x=0 e x=L. Supondo-se que no momento inicial, a temperatura da área é igual a uma temperaturea de referência nula, e que as bordas da área se manterão permanentemente esta temperatura nula. T satisfaz, pois:
-

- T(0,t) = T(L,t) = 0 para todo t positivo.
- T(x,0) = 0 para todo x entre 0 e L.
independente de t satisfaz as duas primeiras relações, de maneira que coloca-se que
, então G satisfaz :-

- G(0,t) = G(L,t) = 0




em série de Fourier. Encontrando-se:

, o aquecimento tende a se equilibrar com a perda de calor pelas duas bordas.Área limitada por um plano
A resolução do mesmo problema do caso em que x>0 consiste em determinar T tal que:
-

- T(0,t) = 0 para todo t positivo.
- T(x,0) = 0 para todo x > 0.

Quando t tende ao infinito, T é de cerca de Pt, análogo aquela de uma área infinita. A borda única não é suficiente para dissipar o calor.
Área de uma geometria esférica
Dado o caso de uma área cuja borda seja uma esfera de raio R, utiliza-se a expressão do Laplaciano em esfera e tem-se de resolver:
-

- Para todo t, T(R,t) = 0
- Para todo r, T(r,0) = 0
, G satisfaz o sistema:-

- Para todo t, G(R,t) = 0
- Para todo r,

, onde os coeficientes bn encontram-se em desenvolvimento
em série de Fourier. Obtendo-se:

Quando t tende ao infinito, a temperatura T tende à distribuição limite



































































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